Jardim Sereno

Relembrando a primeira mensagem :

O Jardim da Universidade é lar de um espaço onde alunos costumam aparecer para fazer pequenos encontros, decorado com uma estrada de pedras que circulam uma chafariz bem elegante, flores elegantemente posicionadas e alguns bancos de praça torna o local bem agradável para descansar.

No fundo existe um prédio que dizem ser uma igreja, mas como o local está fechado faz tempo ninguém pode conferir seus conteúdos ou propósitos. Talvez seja uma área que será expandida futuramente em alguma reforma.

Rotas:

>>Arredores da Universidade - Visão Geral

Gemeu de dor quando sentiu aquela dor, aquela pressão... Não entendia nada o que estava acontecendo, queria entender. Queria entender.

"Deus... Por que?!"

Lágrimas quiseram se formar enquanto tentava se recuperar, lutando contra aquela força invisivel numa batalha que não demorou a perder.

Quando abriu os olhos novamente, sentia-se meio tonta, sua cabeça doía e olhou ao redor conforme notava onde estava... Era o jardim... A cena dos corpos ecoaram em sua mente e rapidamente sua expressão ficou tomada pelo terror, mas, graças seu choque foi interrompido.

Virou imediatamente para a garota(?) que se aproximou e deu um sorriso atordoado, se levantando devagar. Sentia o corpo dolorido, mas, além disso... Se aproximou da figura, por mais andrógina que seu colega lhe fosse, estava realmente precisando de uma figura de segurança. Estava meio encolhida enquanto acenava com a cabeça, tentando parar de tremer.

- Si-Sim, sou Sokeri... Estou bem, você?

-Um pouco dolorido, mas estou bem. 

Ele olhou pra ela. Ela não estava em condições de se mexer direito. 

Mas ele não estava em condições de se permitir deixar aquela pista passar.


Se aproximou da garota, colocando a mão no seu rosto e se aproximando um pouco pra que olhasse bem nos olhos dela.

-Me escute. Você viu bem o que acabou de acontecer. Por favor, me acompanhe, e tente não se afastar. Eu vou tentar descobrir o que aconteceu. A última coisa que eu quero é vê-la em perigo, mas eu não vou me perdoar se algo lhe acontecer se a deixar sozinha desse jeito. Pode se apoiar em mim se quiser. Talvez eu não tenha nenhuma chance de protegê-la, mas eu darei o meu melhor para que fique em segurança. Eu não acho que nos deixem vivos depois do que vimos. Temos que seguir em frente.

Por que achava que iriam ser seguidos?

Por que estava acostumado a ser assim.


Esse pensamento também lhe ecoou baixo demais para lhe dar atenção. Voltou o olhar para a igreja, para o jardim e para a fonte, tentando encontrar visualmente alguma pista.

- Ei... você lembra que o professor comentou que andavam tendo " casos de esfaqueamento" ?

Estava ainda em choque por tudo aquilo, olhava ao redor, quase procurando já algum rastro dos corpos mas... Por que não havia nada? Sentiu o rosto sendo virado e arregalou os olhos quando percebeu a proximidade, em instantes ficando extremamente vermelha.

- Aah...

Estava muda, aliás, o que tava passando na sua cabeça? Espera tinha algo passando na sua cabeça? Ficou com um sorriso nervoso a medida que as palavras iam saindo do seu colega. "A última coisa que eu quero é vê-la em perigo" que? Quando terminou, respirou fundo, algo que sentiu que tinha parado de fazer desde que ficou olhando aqueles olhos. Colocou a mão no peito, sentindo o coração disparado.

Ainda estava em choque quando ouviu as palavras de volta e acenou com a cabeça prontamente. Sim. Foco. Muda de assunto, pfvr.

- Si-sim... Mas... - Segurou o queixo enquanto se colocava a pensar. - Eu tinha escutado mais cedo, ele parece estar procurando pelo culpado também... Talvez tenha nos atraido para cá de propósito?

Ironicamente, gostava de mistérios, e aquilo tudo era um grande mistério. Olhou ao redor, caminhando para onde Kuzuki-sensei estava antes.

- Uma entrada que deveria estar fechada... - Virou o rosto para seu colega. - Acha que isso que vemos pode ser uma mentira? Quer dizer, se teve esfaqueamentos, por que não houve relatos de corpos..?

Ele chegou perto da porta e tentou empurrar. Trancada. Estranho. Touko disse que estaria ali a essa hora, então não deveria estar aberta? Difícil achar que igreja era segura agora, mas talvez a psicóloga fosse capaz de lhe oferecer ajuda, ao menos para acalmar um pouco a colega.

- Se considerarmos o que ele disse, e como ficou surpreso em nos ver, ele não notou que estávamos perto. Isso ou ele finge muito bem. Agora, ele claramente nos atacou sem remorso algum. No mínimo ele é perigoso.... Estranho. A igreja deveria estar aberta.

O que mais o incomodava era que tinham mortos ao redor de um lugar sagrado. Por alguma razão no entanto a igreja o atraía como se fosse seu lar, o lugar o qual pertencia. E ainda olhar pra mesma lhe dava uma sensação de calma. Parou pra pensar um segundo que fora a sensação de perigo sentira muito pouco pelos alunos mortos. Mas não queria que a colega morresse. 

- Talvez tenha uma forma de conseguir ver de novo. 

Parou pra raciocinar.

- Mas... tem certeza que quer ver aquilo de novo?

Ele mesmo não se importava de ver corpos, por pior que estivessem, e não entendia por que.

Ficou acompanhando o colega com os olhos e a cabeça conforme ele tentou abrir a porta. Bem, fazia sentido..? Costumava fechar depois da aula não é? Mas, de fato, deveria ser perigoso ficar por ali naquela hora, ainda mais perto da igreja... Aliás, haviam outras coisas lhe preocupando.

- Espere... - Olhou para o rapaz, estalando os dedos e dando um pequeno sorriso. - Kagami! Você estava no culto do outro dia...

Acabou dando um sorriso orgulhoso de ter se lembrado enquanto cruzava os braços. Tipo, contente de verdade. Logo voltou sua atenção para a pergunta e se abraçou agora, olhando para o lado, recuando um pouco o corpo instintivamente

- Bem... Não. Mas... - Fechou os olhos, vendo aquele por do sol. - Mas... Eu não posso me deter, eu quero entender o que aconteceu, ou o que está acontecendo...

Tinham muitas perguntas. Queria saber sobre o paradeiro do Vegas bem, pelo menos ela sabia que seu colega estava bem e ali, apesar de não ter aparecido na aula... Se aproximou dele.

- Kagami, você viu o Vegas hoje..? Ele não apareceu na aula.

Se surpreendeu quando ouviu o próprio nome. E imediatamente bateu a mão na própria cara. Ok, muita coisa na cabeça.  Mas a menina tinha se apresentado e ele esqueceu de fazer o mesmo. Que anta. 

Ele observou a reação dela, A reação era perfeitamente normal. Diferente da dele que apesar da dor e da confusão não sentia mais nada. A cara entortou ao ver o nome. 

-Não,  não o vi. Eu acabei perdendo a aula seguindo um veterano mal educado. 

Parou pra pensar nisso. Todos na escola tinham um comportamento tão. .. padrão. E aquele garoto era um babaca. Talvez valesse a pena procurar por ele ? 

- Esta escola toda tem uma estrutura muito estranha. ..

Inclinou a cabeça um pouco conforme prestava atenção ao que ele dizia. Parecia ter algum problema com o Vegas ou seria sua impressão..? Não, Vegas não deveria ser uma pessoa ruim, ele é apenas solitário e precisava de um pouco de toque. Sokeri simplesmente acenou para isso e afastou o pensamento para tratar sobre aquele assunto.

De todos, Vegas parecia ser o mais perturbado com a realidade e sobre as memórias... Tohsaka... Olhou para o telhado da universidade instintivamente e respirou fundo, se aproximando de Kagami com um sorriso.

- Se algo é estranho, vamos cutucar até descobrir, não é? Tohsaka Rin do 2-C... Ela é definitivamente estranha, mas, não sei como descobrir algo... Talvez possamos fazer uma busca pela universidade antes da aula para ver se descobrimos algo a mais, certo?

"Desde que não quebre nenhuma regra" adicionou mentalmente. Quanto a Kuzuki, se ele tivesse intenção de mata-los, ele já teria o feito, não é? Talvez o Padre tivesse algum conhecimento sobre isso, mas, tinha suas dúvidas que seria fácil poder encontra-lo... "Lavagem cerebral", "Sistema", "Alquimia"... Algo lhe dizia que talvez a biblioteca lhe tivesse algumas informações que poderia fazer uso, mas, agora, precisava descobrir o que estava acontecendo e onde estava Vegas.

- Mas, está noite e a universidade está fechada... Podemos dar uma volta, mas, talvez seja melhor irmos para os alojamentos...

Lembrou-se dos esfaqueamentos e instintivamente se aproximou do colega, olhando ao redor com um tanto de medo.

Touko aguardou que tudo tivesse terminado, ela tinha permissão especial para transformar aquela igreja em uma "Zona Neutra", logo Anastasia e sua irmã estariam a salvo, longe de perigo.


"Tudo bem garota, está seguro agora. Desculpe por ter te chamado assim, mas eu senti que uma confusão ia acontecer no Jardim da Igreja e resolvi trancar as portas pra proteger o pessoal daqui."

Ela sorri para Anastasia.

"Sabe como que é né? Intuição feminina. Funciona que é uma maravilha. Agora para você minha pequena, minha irmã já falou até demais, mas eu tenho uma solução para cuidar de seus ferimentos e problemas permanentemente."

Ela entrega um papél com informações.

"Amanhã, vá para esse local e faça exatamente isso que está instruído. Não mostre isso para ninguém, nem mesmo peça que alguem faça isso com você ou por você. Só irá criar um acidente maior."

A nota claramente dizia: "Vá amanhã até o Telhado da Universidade sozinha as 15:37h e então conte até 4 e pule de lá mirando na direção do Jardim dessa igreja. Se tudo funcionar você irá acordar em um local diferente."

Touko não esperou para conferir a reação da garota.

"Sim, eu sei que isso parece incrivelmente ridículo, mas acredite, esse foi um exploit que eu consegui encontrar para você baseado na sua tipagem de dados, não funcionaria para mais ninguém. Você deve fazer exatamente o que está escrito, mas se não confia em mim sinta-se livre para se livrar desse papel e ignorar ela completamente."

Após falar tudo o que desejava, ela abre as portas da Igreja.


"Bem, já está de noite, use esse tempo para pensar no que eu disse."

Touko volta a se sentar em um dos bancos da Igreja.

Seus olhos arregalados estavam fixos no bilhete. Uma parte de si já estava e acostumando com coisas estranhas acontecendo, mas a que não estava levava sempre um golpe. Segurando o papel com força e colocando-o no bolso, ela engoliu em seco e balançou positivamente a cabeça.

- Entendi. Obrigada Srta Touko e Srta Aoko.

Curvando-se para as duas mulheres e seguindo pelo corredor da igreja, Anastasia tinha novamente os olhos fora de foco, distante e perdida em seus pensamentos. Ver Kagami com uma garota a despertou novamente, embora senti-se que ainda parecia abatida. As mãos continuavam no bolso e tirando pelas meias rasgadas e rosto apático ela continuava a mesma.

- Kagami?

-!!! Ana!!!

Correu até ela imediatamente colocando as mãos nos ombros dela e reparando nas meias rasgadas e que ela estava abatida. 

- Ana, você está bem, aconteceu alguma coisa ?

Pelo ocorrido com ele imaginou que se algo assim tivesse acontecido ela não lhe diria.

Se virou em direção da reunião quando Kagami saiu correndo e acabou dando um pequeno sorriso, talvez triste? Passou a mão na nuca enquanto olhou para o lado. Sim, ele tinha também alguém para andar por ai, aparentemente.

Talvez tivesse ido ali para encontra-la, afinal? Por que... Colocou a mão sobre seu peito enquanto sentia aquele pequeno aperto. Estava... Triste ou com medo? Afastou todos aqueles pensamentos e buscou relaxar sua postura, decidindo apenas dar o tempo para os dois esclarecerem as coisas entre si.

- Hm, eu estou bem, não se preocupe.

Forçou um sorriso em sua direção, não queria levar as pessoas ao seu redor junto consigo. Sempre foi assim, com seus pais e Ivy. Por um segundo algo estalou dentro de sua cabeça e seu olhar voltou a ficar vago. "Sempre foi assim? Eu não sei, não me lembro da última vez que os vi...". Com mais um estalo ela parecia ter voltado, olhando na direção da garota que também não parecia muito bem. Tirando as mãos do bolso e dando dois tapas fortes em suas bochechas, ela abriu bem os olhos.

- Ceeerto! Ficar assim não ajuda em nada!

Ela seguiu até a menina e segurou em suas mãos, desta vez seu sorriso soava mais natural e animado enquanto ela balançava suas mãos.

- Prazer, eu sou Anastasia, toda amiga do Kagami é minha amiga também, por isso espero que possamos nos dar bem!

Kagami olhou pro rosto de Anastasia um pouco confuso. Sorrir para esconder a dor não era algo que ele conseguia reconhecer. Nunca a ninguém lhe importou que o vissem sofrendo então nunca precisou.... Foi ? 

Então olhou para as portas da igreja.  

-Anastasia, por acaso você chegou a falar com a Touko-san ? Ela está aí dentro ?

- Ahm?

Sentiu seu rosto ficando um pouco quente quando a garota se aproximou daquela forma e segurou as dela em resposta, abrindo um sorriso verdadeiro e entusiasmado enquanto acenava com a cabeça com energia.

- E todo mundo pode ser meu amigo! Me chamo Sokeri, prazer em te conhecer!

Ficar perto de alguém mais entusiasmado ou que ela se identificava a fazia se sentir instantaneamente melhor e, afinal, tinha muitas coisas na sua cabeça  que queria afastar naquele momento. Olhou para Kagami quanto aquela pergunta e olhou Anastasia em seguida, curiosa de sua resposta.

Segurando o próprio queixo e inclinando o corpo levemente para o lado, ela desviou o olhar para o lado, pensando em uma resposta.

- Eu a vi sim e conversamos, inclusive conheci sua irmã, a Srta Aoko é maravilhosa! Mas como está de noite, acho que elas já se recolheram.

Endireitou a postura, voltando a colocar as mãos no bolso, sem deixar o sorriso sair do rosto.

- Não deveríamos ir dormir? Kagami, você faltou a aula hoje, fiquei bem preocupada, sabia?

-É que eu dormi demais e perdi a hora. Obrigada por se preocupar. 

Não era o mesmo que tinha falado pra Sokeri, e esperava que a mesma entendesse o porque.

- Eu tenho que falar com a Touko-san agora. Está muito tarde, e eu posso demorar e eu não quero que fiquem sozinhas paradas nos arredores depois do aviso que recebemos. Sokeri, a Ana tem o meu número de telefone. Vão juntas pros alojamentos,  e me mandem uma mensagem de que estão bem quando chegarem. Por favor,  tomem cuidado. 

E foi para dentro da igreja, procurando Touko. 

- Touko-san ?

- Deveríamos realmente ir dormir...

Estranhou Kagami não ter dito a mesma coisa, mas, não conhecia os dois tão bem assim para poder opinar algo sobre aquilo, então, iria respeitar sua decisão. Olhou para Anastasia em seguia e apertou a mão dela de leve.

- Bem, ele deve ficar seguro aqui, não é? Melhor irmos descansar.

Touko estava sentada em uma cadeira conversando com sua irmã Aoko, ao ouvir a voz do garoto ela se se vira.

"Ah, Kagami-kun. O que lhe trás aqui nessa noite?"

-Touko-san, perdão a demora, eu ia vir mais cedo mas ouveram alguns imprevistos sérios. 

Ele olhou para o lado nessa última parte. 

- Eu me informei de que o horário do clube que eu quero é nas quartas e sextas, então queria saber que dias eu posso vir aqui ajudar. Eu já falei com o Sr. Kirei a respeito.

Touko tinha ouvido o garoto.

"Humm, isso? Qualquer horário que você quiser, não se sinta obrigado a fazer isso... é pra isso que minha irmã está aqui."

Aoko simplesmente ignora o comentário sarcástico de Touko, elas não pareciam ser irmãs que se davam bem juntas.


"Você parece estar cansado, não acha melhor ir dormir por hoje?"

-Sim. Eu já vou pros alojamentos.  É que eu já tinha dito que vinha de tarde, mas me atrasei e encontrei a porta trancada então esperei lá fora.

Não era mentira, exatamente embora omitisse coisas. Se virou para a irmã de Touko e se inclinou. 

- Ah, prazer em conhecê-la senhorita. Meu nome é Akatsuki Kagami e eu virei pra auxiliar no que eu puder.

Aoko com voz de sono cumprimenta o garoto.

"Prazer, eu sou Aozaki Aoko. Por favor, não se deixe levar pelas ideias de minha irmã, ela é má influencia para todos."

O garoto fez aquela cara de confusão por não compreender a " brincadeira" ou pelo menos não compreender que aquela frase não era necessariamente algo literal, talvez por não lembrar muito de como era uma relação saudável entre irmãos. 

- Ah, uma última coisa, Aoko-san. Seu trabalho é o mesmo que da Touko-san ?

Aoko agora estava claramente tentando procurar palavras para evitar outro deslize por sua parte.

"Humm, eu cuido do coração das pessoas garantindo que elas possam crescer fortes e cheias de vigor. Sim, uma conselheira e terapeuta!"

Aoko claramente achou que essa era uma descrição agradável, mas Touko balançou a cabeça e disse apenas que ela era "Uma estagiária".

- Então Touko-san cuida da alma e Aoko-san do coração... Gostei muito de conhecer as duas. Darei meu melhor pra auxiliá-las no que eu puder. Até amanhã e boa noite.

Se curvou uma última vez em sinal de respeito e saiu. 

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