Sala da Enfermaria

dream.

''Então, és tu, huh?'' — uma voz ecoava lentamente por toda a sala, grave e rouca, carregando consigo todo um mistério qual tomava conta do local onde apenas ambos se encontravam. Mas, o que era? Não se sabia quem havia proferido tais palavras e muito menos, onde estava. Repentinamente, então, durante aquela noite pintada do mais profundo preto, a pequena albina sentia-se envolvida por uma presença desconhecida e pesada, se encontrando mais próximo do que ela imaginava. Foi quando, sem aviso prévio e cerimônias, um estrondo aconteceu nos fundos; ele causava um sentimento de desconforto e insegurança para os mais sensíveis corações.

''Calma, pequena..'' — avisou para a menor que tremia toda sua base após o barulho que não lhe era familiar, passando ambos braços em torno de sua pequena estrutura enquanto a mesma, apenas sentia um corpo bem maior e de baixa temperatura que surgia inesperadamente, encostar-se atrás de si. A sua voz, já, era abafada e estridente devido a máscara que usava — ''Não deves temer nada. Estou aqui para protegê-la, e sabes quem sou?'' — era simplesmente aterrorizante a sensação que somente a presença do moreno passava, cada simples e mínimo detalhe. E ele sabia perfeitamente disso. Assim, uma risada curta e insana escapou-lhe. Parecia ter travado em sua garganta, e de modo indelicado, uma expressão de desgosto se dispôs em sua face ao mesmo tempo que estralava com violência o longo pescoço.

''Agora, eu te pertenço.'' — murmurou rente ao seu ouvido, e aos poucos, o mais velho afastou-se da menina que até o momento, apenas presenciava as mais diversas sensações mescladas entre terror e medo. Então, os passos serenos que levaram-o até de frente com a sua nova responsável e a ficar de lado para uma janela, junto com o brilho do luar banhando-o gradualmente o corpo, davam espaço para aquele que permanecia pouco antes escondido nas trevas. Seus cabelos pretos eram rebeldes, caindo-lhe sobre a máscara de chifres em tons de vermelho e branco. Havia um sorriso macabro estampado em tal com dentes pontudos, enquanto apenas os buracos dos olhos davam espaço as orbes avermelhadas e profundas. Demonstravam perdição, loucura, distância. O homem estava desconecto e longe do mundo.

Sem tardar, aproximou-se poucos passos diante de Hannabel, e num ato de puro respeito, curvou-se com a cabeça baixa e uma das mãos elevadas até a mesma. Eram cobertas até um pouco acima dos cotovelos com faixas avermelhadas, sobrepondo até mesmo a roupa toda rasgada que trajava. Ambos se encaravam, e antes que a Galloway pudesse agarrar no aperto do ser, o sonho encerrou-se abruptamente como se uma tesoura o cortasse no meio. Uma das marcas de sua tatuagem haviam sumido naquele meio tempo.